"Uma
década após o final da Guerra Civil Espanhola, em pleno regime
franquista, deu-se uma importante mudança na indústria cinematográfica
espanhola: paulatinamente, os filmes historicistas, religiosos e
dramáticos cederam o passo ao sainete espanhol – um género de comédia
populista muito comum durante os primeiros anos do franquismo. Foi neste
contexto que em 1955 estreou a comédia Historias de la radio, de José
Luis Sáenz de Heredia, um importante blockbuster que veio revolucionar o
cinema espanhol e incitar a regeneração da indústria através da entrada
em cena de novos e talentosos cineastas, entre os quais, Luis García
Berlanga.
Utilizando o esperpento – um género teatral ibérico de
humor negro e de sátira grotesca – como a espada que empunhou contra o
regime franquista, Berlanga entregou-se à crítica de todas as formas de
poder vigentes na sociedade espanhola dos anos 50 e 60: o
conservadorismo do governo franquista, a hipocrisia da igreja e a
mesquinhez da sociedade espanhola. Com uma arguta e mordaz inteligência,
dedicou-se a reinventar múltiplas formas da mesma ideia: cotejando o
próprio Berlanga, «nos meus filmes há sempre alguém que sonha, que
anseia e que deseja alcançar algo, mas nunca consegue, é sempre impedido
por um complexo logro da sociedade.»
2021-07-21
NO PAÍS DO CINEMA - Plácido, de Luis García Berlanga - Auditório Soror Mariana - Évora - 22.07.2021
Plácido, de Luis García Berlanga, será
apresentado na quinta-feira 22 de Julho de 2021 às 18h00 no Auditório Soror Mariana em Évora, no âmbito do projecto No País do Cinema numa sessão de Cinema-Fora-dos Leões, em parceria com Os Filhos de Lumière e a Direcção Regional de Cultura do Alentejo,
no âmbito do ciclo "Esperpento, logro e anseio" em comemoração do
centenário do nascimento de Luis García Berlanga. Entrada livre.